
Empresa surfa a onda do varejo, atrai investidores locais e estrangeiros e levanta R$ 8,4 bilhões com sua oferta inicial de ações, no maior IPO do mundo em 2009.
Pouco antes das 10 horas da segunda-feira 29 de junho, o botão da abertura simbólica do pregão eletrônico foi acionado. O rosto sorridente e o dedo forte de Lázaro Brandão, presidente do conselho do Bradesco, davam início à estreia das operações da VisaNet na BM&FBovespa, depois de tantas idas e vindas que adiaram por mais de quatro anos a abertura de capital da empresa.
"O namoro foi longo", disse Brandão à DINHEIRO, após a chuva de papel prateado laminado cobrir o saguão da bolsa. A VisaNet estreou com a pompa e o título simbólico de maior IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial) da história brasileira. Foram R$ 8,4 bilhões captados, o que deixou os R$ 6,6 bilhões da exploradora de petróleo OGX para trás. De quebra, o apetite dos investidores internacionais com as escassas oportunidades de bons negócios fez do IPO da VisaNet o maior do mundo neste ano, superando o grupo industrial chinês Zhongwang Holdings, de US$ 1,2 bilhão (R$ 2,4 bilhões). Com tantos predicados, é preciso entender o que torna tão cobiçada essa empresa que faz a captura das transações com cartões de crédito e débito da bandeira Visa.
A VisaNet é um exemplo da transformação da economia brasileira. Ela chega à bolsa como uma das 15 maiores companhias em valor de mercado, à frente das tradicionais Usiminas, Embraer e Cyrela, que fazem parte de setores que sustentaram o crescimento do País por muitos anos. Agora, a prestação de serviços surge como a nova estrela da economia. É aí que se encaixa a VisaNet. Nos últimos anos, o consumo das famílias foi um importante combustível para o crescimento do Produto Interno Bruto. Em 2007, o poder aquisitivo familiar cresceu 6,3% e no ano passado, 5,4%, segundo o Banco Central (BC)
"O setor está em crescimento, o crédito está em expansão e a baixa renda começa a consumir." Ao lado da Redecard, responsável pelas operações da bandeira concorrente MasterCard, a VisaNet estimulou o movimento de substituição do cheque como meio de pagamento pelos cartões de crédito e de débito. As duas empresas passaram a espalhar as suas maquininhas de captura por todo o Brasil. Atualmente, estão presentes em praticamente todos os municípios brasileiros que tenham energia elétrica.
A VisaNet tem equipamentos até em aldeias indígenas e bancas de coco verde nas praias. Essa conquista de território pode ser verificada nos últimos cinco anos. Em 2003, os cheques respondiam por 39,5% do total de transações financeiras, de acordo com o BC. No ano passado, por apenas 16,5%. Nesse mesmo período, os cartões aumentaram sua participação de 32,2% para 53,8% do total. Com um maior número de locais para aceitar o dinheiro de plástico, explodiu o número de cartões de crédito e débito.
R$ 1,39 bilhão foi o lucro da VisaNet no ano passado. A empresa captura diariamente oito milhões de transações em 1,4 milhão de estabelecimentos credenciados
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